terça-feira, 26 de setembro de 2023

Das horas

MARES NAVEGADOS.

CONSTELAÇÕES DESENHADAS NOS OLHOS DE QUEM SÓ BUSCA A LUZ.

CORAÇÕES REMENDADOS.

ABRACOS NÃO DADOS.

ASSIM SOMOS NÓS.

IMPERFEIÇÕES AMBULANTES.

AMANTES DO SOL, MAS FUGINDO COM A TEMPESTADE.

Assim somos nós, em busca do horizonte.

Da poesia mais bonita.

Do que pulsa e reverbera.

Do sentido da vida, muito embora esta, às vezes, padeça de sentido.

Assim somos nós.

Poeira do espaço

Do abismo.

Pó de estrela.

Cometas cruzando o infinito, o universo de nós mesmos.


Márcio Vandré 26.09.2023.

terça-feira, 4 de abril de 2023

Eu sei

Eu sei da finitude dos dias que estaremos na terra.

Eu sei do incansável avançar das horas.

Eu sei que o amanhecer pode anoitecer.

Eu sei, mas eu teimo em não saber.

Eu teimo em acreditar que o fogo será perene.

Eu teimo, eu choro, eu me perco no pensar.

Quem dera o que nos fosse caro se perpetuasse.

Quem dera pudéssemos parar a vida no momento que estávamos a sorrir.

Quem dera, não podemos.

Só nos resta cuidar para viver o máximo que pudermos.

Para quando o ocaso chegar, ter a memória de que fomos felizes apesar do pesar

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Sina

A melancolia não tem espaço aqui.

Aqui é samba.

Fantasia.

E querubins.


Aqui se canta e se toca bandolins.

É o sabor da vida que se vive plenamente.

Ah! Não somos inconsequentes não!

Queremos só beber da fonte.

A mais pura e límpida existência do ser.


Mas eu sei que os dias às vezes não dão o que queremos ter.

O jeito é sambar.

Brincar e tentar esquecer.

Porque o dia outro pode mudar seu gosto.

De amargo para o doce mais gostoso.


Ah, a vida é tão linda e os minutos tão rápidos,

que não podemos nem contar.

Por isso pega teus pés, anda para frente.

Não seja descrente, o sol vai aparecer.


Ê! O mundão está aí!

Vamos explorar e nos divertir.

Porque a vida é tão louca e tão breve.

Portanto, sejamos leves.

Para a pedra nas costas não tratar de pesar.


Ah, eu quero a plenitude!

Eu quero o hoje, porque o amanhã eu não sei.

O céu azul é seresta.

Vamos todo dia fazer uma festa.

O bom da vida é respirar e poder lutar.

Porque quando não há luta, não há vida, não há esperança.

A dor da luta é uma lembrança de que estamos aqui para perder e vencer.


Por isso sorria.

Canta, canta, dita poesia.

Porque o amanhã como já se disse não é teu.

Então canta, sorria, pede a rima. 

Seja maior do que a sua própria sina.

Escreva enquanto ainda tem tinta e papel para escrever...

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Sorria

Sorria.
É sua obrigação.
Não existe dia ruim.
É só invenção.

Sorria.
Esteja bem e não pare de dançar.

Sorria.
Mesmo que não tenha música ou graça.

Sorria.
Bote a máscara e se solte no vento.
Você tem que voar.

Sorria, eles não conseguem enxergar seu coração.

Sorria.
Conte uma piada.
Mesmo que sem graça.
Sorria, no flash ou na desgraça.

Sorria, como os outros querem, ainda que os outros não saibam o que é bom para o teu viver.

Sorria.
Mesmo que a vida esteja esvaindo.
Mesmo que a areia da praia escape das suas mãos.

Sorria.
É sua obrigação.
Sorria o tempo todo,
se não você vai ser uma decepção.

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Sou eu

Oi.
Sou eu.
Que bate a porta
E traz o amanhecer.

Sou eu, com o café quentinho.
Um sorriso.
E um carinho.
Querendo teu bem.

Oi, sou eu.
Me deixa entrar.
Eu trago a luz.
Sou farol.
Sou acalento.

Oi, sou eu.
Eu também canto.
E encanto.
Sou paisagem emoldurada no tempo.

Oi, sou eu.
Para que o espanto?
Eu sempre estive aqui.
Mesmo no teu pranto.
Te abracei e você não viu.

Oi, sou eu.
Meu coração bateu.
Quando te vi sorrir.
Quando te vi sonhar.
Quando caminhou mesmo depois de cair.

Sou eu.
Trago a força que você perdeu.
Sou eu.
Trago a palavra que você esqueceu.
Sou eu.
Sou eu.
Sou eu.

Oi, sou eu.
A música rara.
A pessoa cara.
Sou eu.
Sou você.
Sou todos nós.

Vai, embala o mundo.
Se respira ainda há luta.
Ainda há o que viver.

Sou eu.

Vai, voa até o espaço.
Vai para a lua.
Conquista no braço.
O que é teu.

Sou eu.
Somos todos nós.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Sociedade

Na sociedade perfeita de hoje,
Errar é um pecado.
É a maçã do Eden.
É o atraso.

Mas como não errar se estamos sempre correndo?
Se não sabemos mais olhar nos olhos?
Se vivemos de esmolas de sentimentos?

Tratados como máquinas nós somos.
Mas ao invés de óleo, sangue nas veias.
Temos um coração que quando para de bater não tem conserto.
E não temos máquina do tempo para revisitar o que passou.

Viver ou ser sugado?
Ou morrer condecorado por glórias que não usufruiu?
A estante de troféu será só tralha no amanhecer que não pudermos respirar.

Correr para quê?
Existe tanto o que ver antes do destino chegar.

Márcio Vandré. 11.08.2021

terça-feira, 1 de junho de 2021

Cadente

Eu sou uma estrela cadente.

Decadente.

Eu sou um céu em chamas.

Uma pedra no espaço.

Eu sou o próprio descompasso.

Terremoto no mundo.

Eu planto. 

Eu colho.

Não sou santo.

Nem demônio.

Eu sou cria da terra.

E para a terra voltarei, um dia.

Com histórias e algumas ousadias.

O que ficar de mim será uma partícula viva do que fui.

Eu, impotente, humano, de carne e osso.

De ferida aberta.

Deixo meu sangue, minhas glórias.

Por um sorriso e uma nova descoberta.



quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Sobre o amar

Não te amo da mesma forma que antes.
Seria mentira se eu dissesse isto.
Na verdade, eu te amo mais.
Porque me acalmo com seu abraço e me perco no seu olhar.
Por este motivo, busco sempre trazer um sorriso para o seu cenho.
Porque te ver sorrir enche minha alma de luz.
A luz que aquece meu peito quando em uma tarde perdida eu lembro do teu beijo.
Que bom que segura minha mão e anda comigo.
No meu coração te abrigo e não deixo nenhuma chuva te molhar.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Ventania

Que o amor seja o condutor. 
E que não se apague nenhuma luz, 
mesmo que seja noite.

Ainda que caia o sol, 
ainda permanecem as estrelas.
E se o céu se fechar em uma chuva torrencial, aguarde a ventania. 
E voe como nunca.

Voe, traga o amanhã. 

Simplesmente voe e não pare. 

Até chegar ao horizonte ainda existe mar, terra e fantasia. 
Ainda existe sorriso, choro e poesia.
Ainda existe vida pulsante. 
Aprendizado e filosofia.

domingo, 11 de outubro de 2020

Tachandral

Fugaz.
A vida o levou. 
Restaram as histórias. 
As memórias de um gladiador.
Que lutou o tempo inteiro. 
E não se quedou.
 
Que abraçou o mundo. 
E não se calou.
 
Que caiu por mais de cem vezes e se levantou. 

O sofrimento virou vitória na mão do artista.
Cada quadro pintado foi uma lição. 
Cada palavra dada foi ouvida com atenção.

O sentimento que fica é de gratidão. 
Por poder conhecer alguém que não aceitava facilmente o não. 
Que peitava as agruras e criava seu próprio caminho. 

Um amigo, um conselheiro. Um exemplo de sabedoria. 

Você parte, mas fica no peito de cada um que você cativou. 

Que a terra lhe receba como o ar o fez quando lhe trouxe ao mundo. 
Que você voe por outras dimensões. 
Que seja nosso guia e guardião. 

Sua história não teve fim. Apenas se multiplicou. 

domingo, 4 de outubro de 2020

Pitoca

Tuas asas inquietas a fizeram voar e agora não te alcanço. 
O céu é vasto.
E tu és estrela nele. 
Um ponto de luz, 
que iluminou a vida e passou como um cometa. 
Pitoca. 
Menina. 
O véu da noite se fechou mais cedo. 
E não amanhecerá por um bom tempo,
pois teu canto abria a aurora. 
E teu pequeno coração pulsava amor. 
Está escuro. 
A luz me deixou. 
 

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Descompassos

A vida é uma ciranda. 
Gira, gira. 
Rodopia. 
Tempestades e clarões. 
Dias de sol. 
Decepções. 
Sorrisos amargos. 
Abraços ultimados. 
Choros e ilusões. 
Um dia nasce. 
Um dia cresce. 
Outro dia morre, 
nem que você continue vivo... 

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

A vida

Cresci mais do que previa.
Voei mais do que sabia.
Senti o sol, o céu e a imensidão da vida.
Agradeci todas as manhãs e todas as feridas,
vez que sem elas não seria o presente que meu passado construiu.
As pontes, as esquinas, foram caminhos que passei.
Foram asas para um sonho.
Mesmo nas quedas ou no olhar tristonho,
eu fui mais do que acreditava ser, pois me levantei!
Se hoje eu rio, é porque a correnteza fluiu.
Sigo o curso do tempo. 
Um momento terei que ir embora, eu sei.
Mas o amanhecer não demora.
Aproveitemos as horas, meu bem.
Porque amanhã não sei mais.

Márcio Vandré. 06.01.2020.